As marcas da tristeza e da saudade deixadas pela pandemia de Covid-19 alcançam também a Editora UFPR. Esta semana, a doença levou Jane Valéria Pereira, 44 anos, servidora da universidade que trabalhou na Editora por oito anos. A notícia da morte precoce de Jane comoveu toda a equipe da unidade – os que trabalharam com ela e também os que não a conheceram, mas foram sensibilizados pelos relatos sobre sua personalidade, profissionalismo e alegria.

Jane era arquivista e ingressou na UFPR em 2008, atuando primeiro na Editora. A servidora Maria Cristina Périgo, que iniciou a carreira na universidade no mesmo ano e unidade que Jane, diz que “não é possível expressar em palavras a profissional incrível que ela foi”. “Na Editora UFPR, a Jane deixou um legado e, para mim, particularmente, foi uma mentora. Devo a ela o que sei operacionalmente, à sua delicadeza em ensinar, à sua eficiência em realizar o impensável prontamente”, complementa Maria, que é responsável pela área de eventos da Editora, na qual trabalhou inicialmente com Jane, sucedendo-a depois.

Foto de 2008 quando Jane começou a trabalhar na Editora UFPR

Bastante emocionada, a responsável pela Coordenação Editorial, Rachel Cristina Pavim, disse que Jane “era uma amiga amada, que agora deixa um vazio imenso em nossas vidas”. Rachel lembra a alegria de Jane nos “almoços divertidos” em restaurantes nas imediações da Editora e nas confraternizações de fim de ano. “Desejo que seu esposo Gilson, seu filho Miguel e demais familiares sintam-se acolhidos por esta família que é a Editora UFPR”, disse.

“Jane foi uma colega admirável. Veio de família humilde e chegou longe. Nunca perdeu a humildade e o respeito por todos. Trabalhava muito e com muita competência. Ela deixa um vazio na nossa universidade e nos nossos corações”, afirmou a revisora Daniele Carneiro, que também trabalhou com Jane na Editora.

A assistente administrativa Ellen Huryn – que assumiu as funções de Jane na área de distribuição e vendas quando a colega deixou a Editora – conta que deve a Jane muito do que sabe. “A Jane era um exemplo, não só como servidora, mas em tudo. Era querida por todos e sempre ajudava, sem fazer distinção. Inteligentíssima, engraçada, amiga”, recorda. “Nunca teve preguiça de ensinar e sempre estava disposta a aprender. Seus ensinamentos serão repassados, assim como seu caráter será para sempre admirado.”

Márcia Codato, também assistente administrativa, homenageou Jane lembrando um trecho do livro Harry Potter e as relíquias da morte, que ganhou da ex-colega: "A morte é apenas uma travessia do mundo, tal como os amigos que atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente. Nesse espelho divino veem-se face a face; e sua conversa é livre e pura. Esse é o consolo dos amigos e, embora se diga que morrem, sua amizade e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais."

O assistente administrativo Andrius Leopoldo conta que a generosidade de Jane permitiu que ambos se reaproximassem depois de um tempo afastados por causa de um desentendimento no trabalho: “No dia em que ela soube que eu seria pai, foi dela que eu ganhei um dos abraços mais empolgados, ainda no tempo que abraços eram permitidos. Nesse dia ficamos conversando sobre filhos por muito tempo. Ela já era mãe e preferiu deixar qualquer desavença para trás pra poder dividir essa felicidade comigo. Por tudo que ela me contou naquele dia eu tive certeza que ela foi uma ótima mãe”.

Jane – que atualmente era coordenadora da Unidade de Arquivo do Departamento da Logística da UFPR – deixou um filho de 9 anos e o marido, Gilson Paiva da Silva, também servidor da UFPR. Seu corpo foi sepultado nesta quarta-feira, em São José dos Pinhais.

Por Lorena Aubrift Klenk

Fotos: Portal UFPR