A primeira coisa que notamos ao folhear “Bifurcação”, vencedor do II Concurso Literário Editora UFPR, é a estrutura dos contos. Quebrando com as formas tradicionais de narrativa, as dez estórias que compõem esta coletânea tomam emprestados os formatos das redes sociais, das aplicações de troca de mensagens, dos blogs, e nos trazem personagens tão contemporâneos quanto humanos, às voltas com uma realidade ávida por sua atenção – mas que reluta em retribuir da mesma forma. Temos, assim, o viciado em postagens de “E não estamos todos?”, a aspirante a modelo de “As portas que aqui se abrem não se abrem como lá”, o eremita urbano de “O homem em apuros na foto” e a consciência artificial de “Bifurcação”, antecipando um futuro quase presente no conto que dá título à coletânea. Temas tão atuais que a literatura apenas começou a esmiuçar, mas tratados com surpreendente leveza e humor pelo autor, neste que é seu promissor livro de estreia.